AS PLANTAS NA MEDICINA
Quando a dor ou a doença atacavam, os povos antigos tinham pouca escolha além de recorrer às plantas. Criados, pelo método de experiência e erro, muitos tratamentos fitoterápicos tinham uma eficácia admirável. Depois, a medicina tornou-se teórica, e esse saber caiu em desgraça, qualificado como superstição. A mudança só se deu quando a medicina abriu as portas. Agora, a ciência está reafirmando muito do antigo saber, e ampliando os horizontes da fitoterapia.
Reader´s Digest 1999
I - EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO objetiva
Entrando em Ressonância com a Planta
1. Descrição da Planta - a alcachofra é uma planta hortense, comestível, da família das Compostas, de folhas espinhosas. Nome científico Cynara cardunculus subsp. scolymus, anteriormente designada por Cynara scolymus, é uma planta com até um metro de altura, caules estriados, folhas penatífidas e grandes capítulos florais. A parte da planta que comemos é o botão da flor, que quando não é colhido a tempo transforma-se numa flor púrpura que chega a atingir até 12 cm de diâmetro. Planta próxima do cardo-do-coalho, Cynara cardunculus L., das regiões mediterrâneas, a alcachofra é uma mera variedade não-espinhosa dessa planta, que provavelmente surgiu por mutação em culturas do início do século XV. Considerada durante muito tempo uma hortaliça rara, é hoje bastante cultivada nas regiões atlânticas com invernos suaves. A alcachofra já era apreciada como diurético – e afrodisíaco – no século XVI e considerada em certos meios no século XVIII como tratamento específico da icterícia. No entanto sua fama terapêutica deve-se essencialmente ao trabalho de vários médicos no início do século XX , que demonstraram sua importância nas afecções hepatobiliares.
Na planta, deve-se distinguir a flor, parte comestível, constituída por um capítulo de grandes dimensões do qual se consome em culinária o receptáculo carnudo e as brácteas denominadas impropriamente de folhas, e a folha larga, e recortada, unida ao caule, que é a parte utilizada em medicina. É um alimento que pode ser consumido pelos diabéticos, sobretudo crú. Depois de cozida, a alcachofra altera-se muito e produz toxinas, devendo, portanto ser consumida logo após o cozimento. Aliás, é menos indigesta se for submetida a cozimento rápido. Sua ação prejudica a secreção láctea, daí seu consumo ser contra-indicado durante a lactação.
2. como as várias partes se relacionam à planta inteira – o que se chama de "flor" na planta é, na verdade, uma inflorescência. A flor é constituída por um capítulo de grandes dimensões do qual consumimos apenas o receptáculo carnudo – chamado "fundo ou coração da alcachofra". As partes chamadas impropriamente de pétalas são as brácteas da planta.
3. Ambiente/Habitat – a planta não tolera frio intenso e úmido, prefere solo em declive, não tolera solo encharcado, mas necessita de irrigação adequada, além de ser muito suscetível a pragas e doenças.
4 – Elementos da Natureza
· Terra
· Água
· Ar –
· Fogo
5 – Doze Janelas da Percepção
A. Forma, Gesto, Assinatura – As flores em forma de sino são mais descontraídas e apontam para baixo, para a terra. Muitas essências de plantas feitas a partir destas flores, dirigem-se a questões da alma que são mais diretamente relacionadas com os órgãos físicos, ou emoções primitivas que estão armazenadas nas estruturas celulares do corpo. Muitas das flores em formato de sino são catárticas, estimulantes ou ancoradas. Elas ajudam a alma a incorporar a dimensão física da vida com a consciência mais desperta.
B. Famílias Botânicas da planta – a alcachofra que consumimos é uma flor imatura, pertencente à mesma família das margaridas e dos girassóis – a família das compostas.
C. Cor - as flores variam de um azul-cobalto (solos mais alcalinos) a lilás/rosa (solos mais ácidos). A nossa planta em questão possui flores azuladas. O resto da planta é verde. Suas folhas têm cor verde claro, cobertas por uma penugem branca que lhes dá uma aparência pálida. Na variedade Roxa de São Roque, como o próprio nome sugere, a folha possui uma cor verde arroxeada.
D. etmologia - O nome Cynara vem do grego. Scolymus significa varrer o limo, em latim. O termo alcachofra provém do árabe al-kharshûf.
E. Sabor- A alcachofra possui paladar amargo. Este sabor, segundo a macrobiótica, é benéfico para o fígado e para a vesícula biliar; naturalmente se transforma no organismo em sabor doce e favorece o trabalho do coração e do intestino delgado, tendo também uma ação inibidora da função do estômago e do sistema baço-pâncreas.
Na medicina popular, o sabor amargo das folhas e das raízes favorece o funcionamento do sistema digestivo e dos intestinos, principalmente a constipação.
E – Bioquímica: o potássio dá força à estrutura das plantas, particularmente aos caules. Podemos encontrar esta qualidade em flores da família das compostas. Sua integridade estrutural é uma dica para a habilidade das essências florais preparadas a partir das mesmas, de trazer força e integridade para a identidade.
F. Usos Medicinais - tem efeito colerético, colagogo, emenagogo, diaforético e carminativo. É um forte diurético e eliminador de ácido úrico. Indicada nas perturbações digestivas e na má assimilação decorrente de distúrbios hepáticos provocados pelo alcoolismo e pelo impaludismo. Produz ótimos resultados nas nefrites e nos casos em que é necessário aumentar a secreção biliar. A alcachofra já era apreciada como diurético – e afrodisíaco – no século XVI e considerada em certos meios no século XVIII como tratamento específico da icterícia. No entanto, sua fama terapêutica deve-se essencialmente aos trabalhos de vários médicos no início do século XX, que demonstraram sua importância nas afecções hepatobiliares.
No uso fitoterápico, remove toxinas do organismo, estimulando o trabalho do fígado e da vesícula. Equilibra o metabolismo e atua beneficamente em casos de arteriosclerose e esclerose-múltipla. Protege também as artérias e, consequentemente, o coração.
A alcachofra contém somente 40 a 50 calorias e é, devido a este fato, utilizada em muitas dietas de emagrecimento. E, ainda contém:
- Vitaminas: A, B6, Cálcio, Fósforo, Ferro, Glicídeos, Proteínas, Hidratos de Carbono, Magnésio, Potássio e Sódio;
- Os Glicídeos concretamente se transformam em açúcar natural, ou seja em energia.
G. Tradição, mitologia, sabedoria popular - um dos alimentos mais antigos de que se tem notícia, a alcachofra possui registros anteriores a Jesus Cristo e aparece na mitologia grega.
Em uma visita ao seu irmão Poseidon, Zeus seduziu Cynara e deu a ela a chance de ser imortal, tornando-a uma deusa, com a intenção de visitá-la sempre que Hera, sua esposa, estivesse distante. Porém, com saudades de sua família, Cynara foge de Olympia para encontrar a mãe. Quando Zeus descobre seu comportamento de não-submissão, se enfurece e a transforma em uma planta: a alcachofra (Cynara Scolymus).
Histórias de apreciadores não faltam à alcachofra. Outra passagem curiosa aconteceu no século 16, com Catherine de Medici, esposa do Rei Henry II, que leva o crédito de ter sido a responsável por introduzir essa planta na França. No noivado do Marquês de Lomenie e Mlle de Martigues, a Rainha Mãe teria comido tantas alcachofras, que acharam que ela morreria literalmente de tanto comer. Consta que los romanos y los griegos ya la consumían, pero es gracias a Catalina de Mediccis, a quién le encantaban, que durante la Edad Media y la introdujo en la corte de italiana. A pesar de la creencia, que la alcachofa era afrodisíaca
No início do século 20, em Nova Iorque, a venda da planta chegou a ser proibida pelo prefeito Fiorello La Guardia, pois o comércio de alcachofras estava nas mãos de mafiosos. Apenas uma semana depois, La Guardia teve de voltar atrás em sua decisão, declarando que era um grande apreciador da iguaria.
E, em 1949, a musa Marilyn Monroe foi eleita a Rainha das Alcachofras em Castrovile, na Califórnia.
H. CULINÁRIA - segundo a história, muitos povos já utilizaram flores como alimento. Os astecas, por exemplo, apreciavam muito a salada de Dálias – flor originária do México. E, mais recentemente, durante a II Guerra Mundial, os holandeses incluíram a Tulipa na sua alimentação, como uma forma de melhorar o cardápio diário. Hoje em dia a gente houve falar muitas vezes de saladas de gerânios ou geléias e sorvetes de rosas. Na realidade, porém, as flores que se comem são bastante raras; e isto acontece por uma simples razão; as flores geralmente não acumulam reservas alimentares como sucede com as frutas, folhas e talos e até raízes. Entre as poucas flores que podem ser usadas na dieta de todo dia está a alcachofra.
Conta-se que a alcachofra saiu do jardim e foi para a mesa na época do Império Romano, quando suas propriedades nutritivas e medicinais foram descobertas e a alcachofra passou a ser privilégio apenas da mesa de nobres e reis. Hoje, felizmente, não é preciso ser nobre para desfrutar deste privilégio.
Considerada uma iguaria exótica, esta hortaliça parece ter sido feita para ser deliciada a cada pétala e não para ser devorada. Afinal, dela consumimos apenas a parte carnuda das “pétalas” e o “fundo ou coração da flor”, depois de retirados os espinhos. São comestíveis, portanto, o receptáculo da inflorescência e a base das brácteas, riquíssimas em vitamina C.
Antes de usá-la, lave-a em água corrente e cozinhe-a com um pouco de limão na água para não escurecer. Pode ser cozida em água ou no vapor, inteira ou somente o coração (fundo). Quando inteira, retire as folhas mais próximas da base, corte o talo e as pontas das folhas. Se entregue ao ritual das alcachofras, degustando cada pétala lentamente, mergulhando-as em molho vinagrete ou manteiga derretida, até chegar ao tão esperado macio e suculento coração, el gran finale.
Dicas:
· Para a indigestão, tempere a comida com alecrim, ou inclua chicória, agrião ou alcachofras em algumas refeições. Esses alimentos amargos estimulam o fluxo dos sucos digestivos por estimularem a produção de um hormônio chamado gastrina.
· Os alimentos amargos (como agrião, chicória, endívia ou alcachofra), as plantas medicinais e especiarias amargas podem contribuir, também, para o bom funcionamento da vesícula.
Dicas para preparar a alcachofra:
- Corte o talo perto da base e lave a alcachofra em água corrente abrindo bem as pétalas para que a água penetre.
- Deixe de molho em água com sal e algumas gotas de limão ou vinagre para não escurecer.
- No cozimento, use panelas esmaltadas ou em aço inoxidável. As panelas de alumínio escurecem a alcachofra.
- O tempo médio de cozimento é de aproximadamente 40 minutos, dependendo do tamanho e idade da alcachofra. Em panela de pressão o tempo cai para uns 20 minutos.
- Para saber se a alcachofra está cozida, é só puxar uma folha: se ela se soltar com facilidade é porque está no ponto.
- No cozimento, evite o excesso de água: coloque o suficiente para cobrir metade da alcachofra.
- Os talos das alcachofras também podem e devem ser aproveitados. Para isso, é só retirar a parte fibrosa que os envolve, descascando-os com uma faca. Depois, deixe os talos mergulhados em água com limão ou vinagre durante alguns minutos e leve para cozinhar por 30 minutos ou 15 minutos em panela de pressão.
Receitas:
Alcachofra dos Nobres
Corte as pontas das pétalas de 6 alcachofras grandes, deixando-as todas com a mesma altura. Retire as pétalas mais duras e esfregue as partes cortadas com limão. Ponha para ferver 8 xícaras (chá) de água com sal e coloque as alcachofras, junto com metade de um limão. Abaixe o fogo e deixe cozinhar por uns 30 minutos. Escorra e deixe esfriar.
Retire, cuidadosamente com uma colherinha, a parte fibrosa central de cada alcachofra, isto é, os "espinhos". Retire também todas as pétalas, cubra os fundos com papel alumínio e leve à geladeira. Enquanto isso misture num recipiente 1/2 xícara (chá) de azeite, 2 colheres (sopa) de suco de limão, 2 colheres (sopa) de vinagre, salsa picada, 2 colheres (chá) de mostarda e sal a gosto. Retire os fundos das alcachofras da geladeira e arrume-os numa travessa, sobre as pétalas reservadas. Espalhe por cima o molho preparado e leve novamente à geladeira, até a hora de servir.
Alcachofras à Romana
Retire os talos de 4 alcachofras, limpe-as e corte a ponta das folhas. Coloque-as em uma vasilha com água, sal e limão e reserve. Misture 1/2 pãozinho amanhecido e ralado com salsa picada e sal a gosto. Escorra as alcachofras, achate-as um pouco no centro, para formar uma cavidade entre as pétalas e recheie com a mistura. Leve as alcachofras ao fogo, em uma panela com um pouco de água e óleo. Tampe e deixe cozinhar até que as pétalas se soltem facilmente.
H. Quatro Elementos
J & K. ambiente/ciclos sazonais - Originária do Mediterrâneo, possivelmente das arábias, a alcachofra gosta de clima temperado. As regiões de maior cultivo são a França, Itália, Espanha e Grécia. Procedentes também da região sul do Mar Mediterrâneo, mais provavelmente do Magrebe, na África. Existem indícios da planta em estado natural na Tunísia. Os antigos egípcios a conheciam, assim como os gregos, que introduziram o cultivo na Sicília e na Magna Grécia. É uma planta perene que volta a brotar anualmente. Dá uma inflorescência comestível, produto muito apreciado ainda na fase inicial e razão de seu cultivo comercial. Ao se transformar em flor aberta, endurecem as brácteas e não podem mais ser aproveitadas para consumo.
Nas Américas, a alcachofra foi introduzida pelos franceses na Louisiania, e, pelos espanhóis na Califórnia. Estendeu-se também ao Chile e aos Pampas Argentinos.
Foram trazidas para o Brasil também pelos imigrantes europeus, há cerca de 100 anos. Nativa do sul da Europa e norte da África é uma planta de clima temperado a frio (média de 20°C) e áreas úmidas. Em regiões quentes, vegeta bem, mas não forma os botões florais comestíveis.
De agosto a novembro, estamos em plena época de colheita da alcachofra. É quando a encontramos com ótima qualidade e melhores preços. São quatro as variedades encontradas no mercado: Violeta de Proença, Roxa de São Roque, Verde Lion e Verde Grande da Bretanha.
Em São Roque, a iguaria está sendo cultivada por algumas famílias há mais de 60 anos. Entre os meses de setembro, outubro e novembro é possível vê-las em seu habitat natural como um jardim de flores roxas, cor que originou de uma espécie desenvolvida pela EMBRAPA Hortaliças – que se adaptou ao clima da cidade.
6 – Percepção Sensorial –
O sino simboliza contato entre o céu e a terra. Ele ressoa a voz divina e a harmonia do cosmo. No ocidente, o sino da igreja chama à oração, mas também pode ser sinal de alerta. O sininho do altar anuncia a chegada de Cristo e marca as passagens da missa. No budismo, um sino toca após o culto. E outros, pequenos, soam ao vento, representando os sons delicados do céu.
O coração no Cristianismo, é a fonte de do amor, e de alegria, tristeza e compaixão. Muitos santos têm o coração à mostra, às vezes atravessado por flechas ou coroado com espinhos. Na Grécia antiga, o coração era o centro das idéias, do sentimento e da vontade, ao passo que no islã é o foco espiritual.
O Cardo tem espinhos que machucam, mas, também repelem os inimigos. Simboliza tanto o mal como a proteção. Também representa o sofrimento de Cristo e aparece em pinturas ao pé da Cruz.
· Florais de Saint Germain – sintonizados por Neide Margonari
Alcachofra – Ficha Técnica - se você sente vergonha de se expor, de passar conhecimento aos outros ou de assumir que faz ou quer fazer um trabalho espiritual elevado; se está numa situação em que não vê saída (desemprego, com a família dependendo de você); se sente medo e acha que só pode contar com você; se sente que está precisando se reciclar, Alcachofra traz coragem e abertura para um novo tempo. Quando desabrocham unidas, as finas inflorescências da alcachofra parecem dançar balançando aos fios violáceos, ao sabor do vento, acima de um tablado decorado com grandes brácteas carnosas. Destas inflorescências é extraído este floral que, como uma vassoura sutil, ajuda a remover os resíduos psicofísicos. Aliás, scolymus significa varrer o limo, em latim. Esta essência é usada para provocar mudanças significativas na consciência, varrendo os resíduos tóxicos, regenerando a anatomia física e sutil e restabelecendo a comunicação energética entre elas. Age sobre os chacras superiores, especialmente o frontal (centro de força ao nível do ponto entre as sobrancelhas). Remove a vergonha, traz a percepção do quanto estamos presos a uma postura ultrapassada e desperta o interesse em nos atualizarmos. Inspira-nos a fazer conexão com propósitos mais elevados e anuncia que, se nos transformarmos, bons ventos virão.