sábado, 7 de abril de 2012

Flor da Paixão



Flor complexa e de beleza sem igual, a flor do maracujá apresenta metáfora perfeita para explicar a história da Paixão de Cristo.
Os Jesuitas aproveitaram essa flor para mostrar aos índios detalhes do sofrimento de Jesus em sua Paixão.
Os filamentos em volta do miolo representam a coroa de espinhos.
O roxo é a cor do sofrimento.
Os três estigmas, a parte do órgão feminino da flor, são os cravos que prenderam Cristo na cruz.
A flor tem cinco estames, a parte onde é produzido o pólen. É o mesmo número das chagas de Cristo.
As gavinhas, que ajudam a trepadeira a subir, é o chicote do martírio.
O cálice da flor é o cálice do vinho que Jesus recusou na subida do Gólgota.
Dentro do cálice, a esponja encharcada com vinagre, oferecida a Cristo na cruz.
E na folha pontuda do maracujazeiro, a lança do soldado romano.
Por fim, o formato do fruto, redondo, a representação do mundo que Cristo veio redimir.
No início do século XVII, algumas sementes de maracujá foram enviadas de presente ao papa Paulo V, que mandou cultivar a planta em Roma e divulgar que ela representava uma revelação divina.
Nascia o fruto da Paixão. A PAIXÃO DE CRISTO.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A alcachofra


AS PLANTAS NA MEDICINA





Quando a dor ou a doença atacavam, os povos antigos tinham pouca escolha além de recorrer às plantas. Criados, pelo método de experiência e erro, muitos tratamentos fitoterápicos tinham uma eficácia admirável. Depois, a medicina tornou-se teórica, e esse saber caiu em desgraça, qualificado como superstição. A mudança só se deu quando a medicina abriu as portas. Agora, a ciência está reafirmando muito do antigo saber, e ampliando os horizontes da fitoterapia.
Reader´s Digest 1999



I - EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO objetiva

Entrando em Ressonância com a Planta

1.      Descrição da Planta - a alcachofra é uma planta hortense, comestível, da família das Compostas, de folhas espinhosas. Nome científico Cynara cardunculus subsp. scolymus, anteriormente designada por Cynara scolymus, é uma planta com até um metro de altura, caules estriados, folhas penatífidas e grandes capítulos[1] florais. A parte da planta que comemos é o botão da flor, que quando não é colhido a tempo transforma-se numa flor púrpura que chega a atingir até 12 cm de diâmetro. Planta próxima do cardo-do-coalho, Cynara cardunculus L., das regiões mediterrâneas, a alcachofra é uma mera variedade não-espinhosa dessa planta, que provavelmente surgiu por mutação em culturas do início do século XV. Considerada durante muito tempo uma hortaliça rara, é hoje bastante cultivada nas regiões atlânticas com invernos suaves. A alcachofra já era apreciada como diurético – e afrodisíaco – no século XVI e considerada em certos meios no século XVIII como tratamento específico da icterícia. No entanto sua fama terapêutica deve-se essencialmente ao trabalho de vários médicos no início do século XX , que demonstraram sua importância nas afecções hepatobiliares.
Na planta, deve-se distinguir a flor, parte comestível, constituída por um capítulo de grandes dimensões do qual se consome em culinária o receptáculo carnudo e as brácteas[2] denominadas impropriamente de folhas, e a folha larga, e recortada, unida ao caule, que é a parte utilizada em medicina. É um alimento que pode ser consumido pelos diabéticos, sobretudo crú. Depois de cozida, a alcachofra altera-se muito e produz toxinas, devendo, portanto ser consumida logo após o cozimento. Aliás, é menos indigesta se for submetida a cozimento rápido. Sua ação prejudica a secreção láctea, daí seu consumo ser contra-indicado durante a lactação.
2.    como as várias partes se relacionam à planta inteira – o que se chama de "flor" na planta é, na verdade, uma inflorescência. A flor é constituída por um capítulo de grandes dimensões do qual consumimos apenas o receptáculo carnudo – chamado "fundo ou coração da alcachofra". As partes chamadas impropriamente de pétalas são as brácteas da planta.
3.  Ambiente/Habitat –  a planta não tolera frio intenso e úmido, prefere solo em declive, não tolera solo encharcado, mas necessita de irrigação adequada, além de ser muito suscetível a pragas e doenças.
4 – Elementos da Natureza
·         Terra
·         Água
·         Ar –
·         Fogo

5 – Doze Janelas da Percepção
A.           Forma, Gesto, Assinatura – As flores em forma de sino são mais descontraídas e apontam para baixo, para a terra. Muitas essências de plantas feitas a partir destas flores, dirigem-se a questões da alma que são mais diretamente relacionadas com os órgãos físicos, ou emoções primitivas que estão armazenadas nas estruturas celulares do corpo. Muitas das flores em formato de sino são catárticas, estimulantes ou ancoradas. Elas ajudam a alma a incorporar a dimensão física da vida com a consciência mais desperta.
B. Famílias Botânicas da plantaa alcachofra que consumimos é uma flor imatura, pertencente à mesma família das margaridas e dos girassóis – a família das compostas.
C. Cor - as flores variam de um azul-cobalto (solos mais alcalinos) a lilás/rosa (solos mais ácidos). A nossa planta em questão possui flores azuladas. O resto da planta é verde. Suas folhas têm cor verde claro, cobertas por uma penugem branca que lhes dá uma aparência pálida. Na variedade Roxa de São Roque, como o próprio nome sugere, a folha possui uma cor verde arroxeada.
D. etmologia - O nome Cynara vem do grego. Scolymus significa varrer o limo, em latim.  O termo alcachofra provém do árabe al-kharshûf. 
E. Sabor- A alcachofra possui paladar amargo. Este sabor, segundo a macrobiótica, é benéfico para o fígado e para a vesícula biliar; naturalmente se transforma no organismo em sabor doce e favorece o trabalho do coração e do intestino delgado, tendo também uma ação inibidora da função do estômago e do sistema baço-pâncreas.
Na medicina popular, o sabor amargo das folhas e das raízes favorece o funcionamento do sistema digestivo e dos intestinos, principalmente a constipação.
E – Bioquímica: o potássio dá força à estrutura das plantas, particularmente aos caules. Podemos encontrar esta qualidade em flores da família das compostas. Sua integridade estrutural é uma dica para a habilidade das essências florais preparadas a partir das mesmas, de trazer força e integridade para a identidade.
F. Usos Medicinais - tem efeito colerético, colagogo, emenagogo, diaforético e carminativo. É um forte diurético e eliminador de ácido úrico. Indicada nas perturbações digestivas e na má assimilação decorrente de distúrbios hepáticos provocados pelo alcoolismo e pelo impaludismo. Produz ótimos resultados nas nefrites e nos casos em que é necessário aumentar a secreção biliar. A alcachofra já era apreciada como diurético – e afrodisíaco – no século XVI e considerada em certos meios no século XVIII como tratamento específico da icterícia. No entanto, sua fama terapêutica deve-se essencialmente aos trabalhos de vários médicos no início do século XX, que demonstraram sua importância nas afecções hepatobiliares.
No uso fitoterápico, remove toxinas do organismo, estimulando o trabalho do fígado e da vesícula. Equilibra o metabolismo e atua beneficamente em casos de arteriosclerose e esclerose-múltipla. Protege também as artérias e, consequentemente, o coração.
A alcachofra contém somente 40 a 50 calorias e é, devido a este fato, utilizada em muitas dietas de emagrecimento. E, ainda contém:
  • Vitaminas: A, B6, Cálcio, Fósforo, Ferro, Glicídeos, Proteínas, Hidratos de Carbono, Magnésio, Potássio e Sódio;
  • Os Glicídeos  concretamente se transformam em açúcar natural, ou seja em energia.
G. Tradição, mitologia, sabedoria popular - um dos alimentos mais antigos de que se tem notícia, a alcachofra possui registros anteriores a Jesus Cristo e aparece na mitologia grega.
Em uma visita ao seu irmão Poseidon, Zeus seduziu Cynara e deu a ela a chance de ser imortal, tornando-a uma deusa, com a intenção de visitá-la sempre que Hera, sua esposa, estivesse distante. Porém, com saudades de sua família, Cynara foge de Olympia para encontrar a mãe. Quando Zeus descobre seu comportamento de não-submissão, se enfurece e a transforma em uma planta: a alcachofra (Cynara Scolymus).
Histórias de apreciadores não faltam à alcachofra. Outra passagem curiosa aconteceu no século 16, com Catherine de Medici, esposa do Rei Henry II, que leva o crédito de ter sido a responsável por introduzir essa planta na França. No noivado do Marquês de Lomenie e Mlle de Martigues, a Rainha Mãe teria comido tantas alcachofras, que acharam que ela morreria literalmente de tanto comer. Consta que los romanos y los griegos ya la consumían, pero es gracias a Catalina de Mediccis, a quién le encantaban, que durante la Edad Media y la introdujo en la corte de italiana. A pesar de la creencia, que la alcachofa era afrodisíaca
No início do século 20, em Nova Iorque, a venda da planta chegou a ser proibida pelo prefeito Fiorello La Guardia, pois o comércio de alcachofras estava nas mãos de mafiosos. Apenas uma semana depois, La Guardia teve de voltar atrás em sua decisão, declarando que era um grande apreciador da iguaria.
E, em 1949, a musa Marilyn Monroe foi eleita a Rainha das Alcachofras em Castrovile, na Califórnia.
H. CULINÁRIA - segundo a história, muitos povos já utilizaram flores como alimento. Os astecas, por exemplo, apreciavam muito a salada de Dálias – flor originária do México. E, mais recentemente, durante a II Guerra Mundial, os holandeses incluíram a Tulipa na sua alimentação, como uma forma de melhorar o cardápio diário. Hoje em dia a gente houve falar muitas vezes de saladas de gerânios ou geléias e sorvetes de rosas. Na realidade, porém, as flores que se comem são bastante raras; e isto acontece por uma simples razão; as flores geralmente não acumulam reservas alimentares como sucede com as frutas, folhas e talos e até raízes. Entre as poucas flores que podem ser usadas na dieta de todo dia está a alcachofra.
Conta-se que a alcachofra saiu do jardim e foi para a mesa na época do Império Romano, quando suas propriedades nutritivas e medicinais foram descobertas e a alcachofra passou a ser privilégio apenas da mesa de nobres e reis. Hoje, felizmente, não é preciso ser nobre para desfrutar deste privilégio.
Considerada uma iguaria exótica, esta hortaliça parece ter sido feita para ser deliciada a cada pétala e não para ser devorada. Afinal, dela consumimos apenas a parte carnuda das “pétalas” e o “fundo ou coração da flor”, depois de retirados os espinhos. São comestíveis, portanto, o receptáculo da inflorescência e a base das brácteas, riquíssimas em vitamina C.
Antes de usá-la, lave-a em água corrente e cozinhe-a com um pouco de limão na água para não escurecer. Pode ser cozida em água ou no vapor, inteira ou somente o coração (fundo). Quando inteira, retire as folhas mais próximas da base, corte o talo e as pontas das folhas. Se entregue ao ritual das alcachofras, degustando cada pétala lentamente, mergulhando-as em molho vinagrete ou manteiga derretida, até chegar ao tão esperado macio e suculento coração, el gran finale.
Dicas:
·         Para a indigestão, tempere a comida com alecrim, ou inclua chicória, agrião ou alcachofras em algumas refeições. Esses alimentos amargos estimulam o fluxo dos sucos digestivos por estimularem a produção de um hormônio chamado gastrina.
·         Os alimentos amargos (como agrião, chicória, endívia ou alcachofra), as plantas medicinais e especiarias amargas podem contribuir, também, para o bom funcionamento da vesícula.

Dicas para preparar a alcachofra:
  1. Corte o talo perto da base e lave a alcachofra em água corrente abrindo bem as pétalas para que a água penetre.
  2. Deixe de molho em água com sal e algumas gotas de limão ou vinagre para não escurecer.
  3. No cozimento, use panelas esmaltadas ou em aço inoxidável. As panelas de alumínio escurecem a alcachofra.
  4. O tempo médio de cozimento é de aproximadamente 40 minutos, dependendo do tamanho e idade da alcachofra. Em panela de pressão o tempo cai para uns 20 minutos.
  5. Para saber se a alcachofra está cozida, é só puxar uma folha: se ela se soltar com facilidade é porque está no ponto.
  6. No cozimento, evite o excesso de água: coloque o suficiente para cobrir metade da alcachofra.
  7. Os talos das alcachofras também podem e devem ser aproveitados. Para isso, é só retirar a parte fibrosa que os envolve, descascando-os com uma faca. Depois, deixe os talos mergulhados em água com limão ou vinagre durante alguns minutos e leve para cozinhar por 30 minutos ou 15 minutos em panela de pressão.

Receitas:
Alcachofra dos Nobres
Corte as pontas das pétalas de 6 alcachofras grandes, deixando-as todas com a mesma altura. Retire as pétalas mais duras e esfregue as partes cortadas com limão. Ponha para ferver 8 xícaras (chá) de água com sal e coloque as alcachofras, junto com metade de um limão. Abaixe o fogo e deixe cozinhar por uns 30 minutos. Escorra e deixe esfriar.
Retire, cuidadosamente com uma colherinha, a parte fibrosa central de cada alcachofra, isto é, os "espinhos". Retire também todas as pétalas, cubra os fundos com papel alumínio e leve à geladeira. Enquanto isso misture num recipiente 1/2 xícara (chá) de azeite, 2 colheres (sopa) de suco de limão, 2 colheres (sopa) de vinagre, salsa picada, 2 colheres (chá) de mostarda e sal a gosto. Retire os fundos das alcachofras da geladeira e arrume-os numa travessa, sobre as pétalas reservadas. Espalhe por cima o molho preparado e leve novamente à geladeira, até a hora de servir.

Alcachofras à Romana
Retire os talos de 4 alcachofras, limpe-as e corte a ponta das folhas. Coloque-as em uma vasilha com água, sal e limão e reserve. Misture 1/2 pãozinho amanhecido e ralado com salsa picada e sal a gosto. Escorra as alcachofras, achate-as um pouco no centro, para formar uma cavidade entre as pétalas e recheie com a mistura. Leve as alcachofras ao fogo, em uma panela com um pouco de água e óleo. Tampe e deixe cozinhar até que as pétalas se soltem facilmente.

H. Quatro Elementos
J & K. ambiente/ciclos sazonais - Originária do Mediterrâneo, possivelmente das arábias, a alcachofra gosta de clima temperado. As regiões de maior cultivo são a França, Itália, Espanha e Grécia.  Procedentes também da região sul do Mar Mediterrâneo, mais provavelmente do Magrebe, na África. Existem indícios da planta em estado natural na Tunísia. Os antigos egípcios a conheciam, assim como os gregos, que introduziram o cultivo na Sicília e na Magna Grécia. É uma planta perene que volta a brotar anualmente. Dá uma inflorescência comestível, produto muito apreciado ainda na fase inicial e razão de seu cultivo comercial. Ao se transformar em flor aberta, endurecem as brácteas e não podem mais ser aproveitadas para consumo.
Nas Américas, a alcachofra foi introduzida pelos franceses na Louisiania, e, pelos espanhóis na Califórnia. Estendeu-se também ao Chile e aos Pampas Argentinos.
Foram trazidas para o Brasil também pelos imigrantes europeus, há cerca de 100 anos. Nativa do sul da Europa e norte da África é uma planta de clima temperado a frio (média de 20°C) e áreas úmidas. Em regiões quentes, vegeta bem, mas não forma os botões florais comestíveis.
De agosto a novembro, estamos em plena época de colheita da alcachofra. É quando a encontramos com ótima qualidade e melhores preços. São quatro as variedades encontradas no mercado: Violeta de Proença, Roxa de São Roque, Verde Lion e Verde Grande da Bretanha.
Em São Roque, a iguaria está sendo cultivada por algumas famílias há mais de 60 anos. Entre os meses de setembro, outubro e novembro é possível vê-las em seu habitat natural como um jardim de flores roxas, cor que originou de uma espécie desenvolvida pela EMBRAPA Hortaliças – que se adaptou ao clima da cidade.         

6 – Percepção Sensorial –
O sino simboliza contato entre o céu e a terra. Ele ressoa a voz divina e a harmonia do cosmo. No ocidente, o sino da igreja chama à oração, mas também pode ser sinal de alerta. O sininho do altar anuncia a chegada de Cristo e marca as passagens da missa.  No budismo, um sino toca após o culto. E outros, pequenos, soam ao vento, representando os sons delicados do céu.
O coração no Cristianismo, é a fonte de do amor, e de alegria, tristeza e compaixão. Muitos santos têm o coração à mostra, às vezes atravessado por flechas ou coroado com espinhos. Na Grécia antiga, o coração era o centro das idéias, do sentimento e da vontade, ao passo que no islã é o foco espiritual.
O Cardo tem espinhos que machucam, mas, também repelem os inimigos. Simboliza tanto o mal como a proteção. Também representa o sofrimento de Cristo e aparece em pinturas ao pé da Cruz.


·      Florais de Saint Germain – sintonizados por Neide Margonari
Alcachofra – Ficha Técnica - se você sente vergonha de se expor, de passar conhecimento aos outros ou de assumir que faz ou quer fazer um trabalho espiritual elevado; se está numa situação em que não vê saída (desemprego, com a família dependendo de você); se sente medo e acha que só pode contar com você; se sente que está precisando se reciclar, Alcachofra traz coragem e abertura para um novo tempo. Quando desabrocham unidas, as finas inflorescências da alcachofra parecem dançar balançando aos fios violáceos, ao sabor do vento, acima de um tablado decorado com grandes brácteas carnosas. Destas inflorescências é extraído este floral que, como uma vassoura sutil, ajuda a remover os resíduos psicofísicos. Aliás, scolymus significa varrer o limo, em latim. Esta essência é usada para provocar mudanças significativas na consciência, varrendo os resíduos tóxicos, regenerando a anatomia física e sutil e restabelecendo a comunicação energética entre elas. Age sobre os chacras superiores, especialmente o frontal (centro de força ao nível do ponto entre as sobrancelhas). Remove a vergonha, traz a percepção do quanto estamos presos a uma postura ultrapassada e desperta o interesse em nos atualizarmos. Inspira-nos a fazer conexão com propósitos mais elevados e anuncia que, se nos transformarmos, bons ventos virão.


II – Exercício de percepção Artística


1 – Poema – Verdade mesmo, é o quanto os árabes apreciavam este legume. Além de lhe darem o nome porque a conhecemos, alcachofra (al-kharshûf), o grande poeta Ibn ‘Ammar, nascido em 1031, perto de Silves, dedicou-lhe este poema:

A ALCACHOFRA
Filha das águas e da terra,
Para quem lhe almeja os dons
Fecha-se numa veste de recusa.
E, na sua beleza obstinada
Bem no cimo lá da haste
Lembra uma jovem cristã
Que cota de espinhos usa.

.
2 – O Anjo da Coragem

Agir com o coração. Toda ação que é
Inspirada por um centro de verdadeiro
Amor traz consigo firmeza e segurança
Inabaláveis. Ser corajoso é saber que o medo
Não oferece resistência ao amor.

“Meu coração está aberto e pleno de coragem.”
Meditando com os Anjos
Ed Pensamento
São Paulo





REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIA FLORAL. Ano XII – Edição Especial Agosto 2007. Via Spalato Comunicação. São Paulo.
MARGONARI, Neide. Florais de Saint Germain . Repertório-Dicionário. Atuação dos Doze Raios. 4ª Ed. Publicação Florais de Saint Germain. São Bernardo do Campo, São Paulo.










Os Doze Raios Divinos: a contribuição cósmica

De acordo com a teosofia, os raios divinos são manifestações da luz que interagem, por atração magnética, com nossa natureza divina. Através do reino vegetal, eles atuam sobre os florais e chegam mais perto de nossa essência, facilitando o processo de expansão da consciência. Essa contribuição do cosmo potencializa as flores que, impregnadas por essas chamas sagradas, transformam e elevam nosso padrão vibratório, ampliando nosso propósito de sermos, por enquanto, mais humanos. Enraizadas na terra, as plantas com suas flores erguem-se e se movimentam em busca do Sol. Da mesma forma, todas as manhãs, nos colocamos de pé, e abrimos a janela para deixar a luz entrar. O caminho da evolução está aberto e o universo conspira a favor, atuando sobre os florais, com o potencial de luz destes raios sagrados.



[1] As inflorescências (conjuntos de flores), pequenas flores, em geral, sésseis, densas, compactas e inseridas sobre a ponta de um pedúnculo num receptáculo único, são chamadas de capítulos. Característica das famílias das margaridas, parecem uma única flor mas formam-se, na verdade, de muitas flores individuais, As “pétalas” das margaridas são flores radiais, ou periféricas, dispostas em torno do capítulo. O botão central é uma massa de flores-do-disco amarelas individuais. O capítulo é envolvido por muitas brácteas. O termo para essas brácteas é invólucro.
Os cardos (nome comum a diversas plantas espinhosas da família das compostas) são capítulos sem flores radiais, mas a base do capítulo, como a de todos os membros da família das margaridas, é circundada por um invólucro.

[2] Brácteas são folhas transformadas.


domingo, 31 de julho de 2011

Estudo Arquetípico de Plantas Nativas da Mata Atlântica da cidade de São Roque/SP

                                                   


INTRODUÇÃO
Os estudos de planta feitos neste trabalho, seguiram a orientação do estudo de planta feito para a obtenção das características arquetípicas de uma essência floral, aprendido no Instituto Cosmos de Terapia Floral® em Campinas, quando conclui meu curso de terapeuta floral em 2007.  
Devido ao gosto por este estudo, segui as orientações da Apostila do Programa de Treinamento de Practitioner da Flower Essence Society (FES)®, dos autores Richard Katz e Patrícia Kaminski, como modelo para realização deste projeto. Esta organização está localizada em Nevada City (EUA) e, promove a pesquisa das plantas e a pesquisa clínica empírica sobre os efeitos terapêuticos das essências florais.
Não há, entretanto, nenhuma ligação deste trabalho com a FES.



Erytrina ou Mulungu
Erythrina speciosa

I - EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO OBJETIVA
Entrando em ressonância com a planta - andando pela área rural de minha cidade, cumprindo com meu trabalho, pelos locais onde eu passava, pude observar estas lindas flores, chamando a atenção no inverno, em plena seca, pelo lindo florido. Também conheci um sítio, onde atendo, que tem o nome desta flor, por possuir muitas plantas nativas desta variedade. Por isso, decidi estudá-la.

  1. 1. Descrição da Planta  - o arbusto da Erythrina é espinhento, com 3-5 m de altura, com tronco de 15-25 cm de diâmetro. As folhas, espinhentas na página inferior e superior, caem no inverno, quando, então, as flores vermelhas abrem-se aos poucos, de baixo para cima, durante dois ou três meses. As flores são, na verdade, inflorescências; no início lembra o cone de uma pinha, a partir do qual vão aparecendo agulhas (pétalas), que vão apontando a partir das sépalas.
A flor da eritrina, é grande, e, lembra um guarda-chuva aberto, inclusive com o cabo levemente curvado, medindo aproximadamente uns 20-30 cm. Elas se localizam nas extremidades dos ramos. No interior destas agulhas se localizam os aparelhos reprodutivos, feminino e masculino (hermafrodita).
O conjunto de flores na planta sugere as chamas de um candelabro, e, a planta na gemometria geral lembra o candelabro. Quando caem as flores, novamente vêem as folhas. Estas atingem seu tamanho final, apresentando aproximadamente 20 cm de comprimento.
As folhas possuem forma de coração, com bordas levemente crenadas e inervação central (peninervadas).
As vagens são muito alongadas (+ de 30 cm), lisas, finas, e, de cor verde, presentes junto às flores, e, se apresentam em “cachos”, no pedúnculo de uma única flor, apontando sempre para baixo. As sementes, no interior das vagens, são também verdes em forma de bala de canhão. O tronco da planta é bastante robusto, rugoso, com estrias e com espinhos muito grandes.
2. Como as várias partes se relacionam à planta inteira – as inflorescências de forma arredondada, e de tamanho grande, possuem várias sépalas de cor amarronzada, e, as pétalas que saem individualmente das sépalas, são em forma de agulha, roliças, que se dobram, levemente curvadas para o alto. Nos ramos, aonde a flor se encontra apresentam-se várias vagens pendentes. Tanto a flor quanto as vagens são grandes, e o pedúnculo da flor muito fino, tal qual as vagens. No pedúnculo de uma flor se encontra um conjunto de várias vagens (8-10). O tronco, bem como os ramos apresentam espinhos, que não aparecem nos pecíolos, na proximidade das flores. Também nas folhas, em seu tamanho definitivo, aparecem espinhos. O tronco é forte, bem como os ramos, que vão afinando até a extremidade, onde surgirá uma única flor. As flores se localizam na ponta dos ramos e permanecem durante três meses, atraindo os beija-flores.
3. Ambiente/habitat – gênero pantropical e subtropical, com espécies bastante numerosas em ambos os hemisférios; no Brasil, melhor representado no Sudeste e, depois, na Amazônia. Também pode-se cultivar esta planta, como cerca-viva defensiva, utilizada para esta finalidade graças aos espinhos de seu tronco, e, a facilidade de reprodução por estacas. Arbusto de grande vigor, a eritrina, adapta-se a qualquer clima, resistindo até leves geadas, mas não tolera sombreamento.
4. Elementos da Natureza         
a.      Terra – os frutos (vagens) apontam para a terra. As vagens se localizam no mesmo ramo da flor, como se várias vagens tentassem ancorar uma única flor. A linguagem da planta fala da sua forte ligação com a terra;  
b.     Água – o tronco e galhos são bem firmes demonstrando secura. A aparência da árvore em geral, dá uma idéia de secura, aridez. Falta-lhe este elemento;
c.      Ar as flores crescem apontando para o céu; no momento da florescência (inverno), a árvore está despida de folhas, o que permite ao ar, circular mais facilmente entre as flores;
d.     Fogo a cor vermelha da flor faz alusão ao fogo. Flores em formato de guarda-chuva lembrando capacetes, guerra = fogo. Pétalas modificadas em formato de agulha. Espinhos no tronco, e, estrutura forte do caule, dão características marcianas à planta. Também as sementes da eritrina são em forma de balas de canhão.
5. Doze Janelas de Percepção
a. Forma, gesto, assinatura – o gesto da planta é vertical, mostrando qualidades de individualização;  o vermelho da flor se eleva para o alto tal qual o fogo. O formato das inflorescência é de guarda-chuva, lembrando também um capacete, indicando proteção (Marte - o guerreiro que protege nossas fronteiras = sistema nervoso central), sua cor vermelha, marciana. No pecíolo das flores, em sua porção mais distal, não há espinhos. A planta, no todo, adquire formato que lembra um candelabro, curvado para o alto e com suas chamas vermelhas. Os espinhos do tronco, transformações das folhas, e, o formato de agulha das pétalas da inflorescência, de caráter marciano, dão indicação de impulso e arrojo. O tronco é forte e a madeira pesada (falta de nutrição). Possui crescimento rápido (Mercúrio), inclusive se reproduzindo por estacas. Suas folhas têm forma de coração (cardiforme alongada), mostrando o temperamento colérico da planta; são folhas de tamanho muito grande (20 cm), e, quando atingem o tamanho final, apresentam espinhos também em suas folhas, sobre a nervura central, em aproximadamente metade de seu comprimento, na sua face dorsal e ventral.
b. Família botânica da planta – a eritrina pertence a família das leguminosas. São árvores com folhas compostas, hermafroditas cujo fruto típico é o legume (vagem). Possuem inflorescências em racemos terminais. Se reproduzem tanto por sementes como por estacas. A diferenciação entre as espécies se dá pelo tamanho e forma dos frutos, e, na variedade mulungu-litoral também pela forma das inflorescências. Na E. velutina a semente é de coloração vermelha, enquanto nas demais é verde; seu porte também é maior.
c. Cor - as flores da Erythrina podem ser vermelhas, rosáceas ou brancas. Porém, as encontradas por mim como plantas nativas, foram somente vermelhas.
No significado da cor vermelha temos que ela é vitalizante, energizante, anima a força sanguínea, estimula a circulação, fortalece a constituição física, rica em raios caloríficos. Nos leva ao otimismo quando estamos muito pessimistas. Impulsividade, leva a pessoas à luta, ao combate, ao otimismo para transcender todas as barreiras e obstáculos. Cor da atração sexual, e, usada para chamar a atenção. As flores vermelhas estão relacionadas a Marte, e simbolizam as emoções apaixonadas, as cor-de-rosa estariam ligadas aos amores sublimes, e, as brancas ao amor puro e incondicional. Podemos notar nas flores vermelhas, as qualidades de vitalização e energização. O tronco da árvore, e seus ramos são verde-oliva com tons de cinza dos líquens. Esta cor refere a Júpiter. As vagens e sementes da E. speciosa são verdes, e, as sépalas de cor marrom.
d. Fragrância -
e. Bioquímica-  as plantas da família das leguminosas, são as únicas que coletam o nitrogênio cósmico e conseguem devolvê-lo ao ambiente, através do solo.
Outras plantas também captam  o elemento do ar, mas não conseguem fazer o processo de expiração do mesmo. Por isso, da importância desta família de plantas, pois, recentemente, descobriu-se que somente 30% do componente nitrogenoso do sulfato de amônia (fertilizante químico) aplicado em campos revolvidos é disnitrificado pelos microorganismos e escapa para a atmosfera. O nitrogênio é um importante elemento na vida das plantas, pois é ele que dá a característica de vida sensitiva às mesmas, além de fazer parte da composição das proteínas vegetais e animais. Ele é tido como o termômetro das sensações: as leguminosas sentem a quantidade apropriada de água, em determinada parte da terra, e reage de forma a dar ao solo, nitrogênio, recuperando assim, solos empobrecidos. Estas plantas tendem a reter o processo de frutificação; tendem a frutificar até mesmo depois do processo de floração; mantém frutos retardados na planta; isto porque elas se encontram tão próximas da terra, no sentido de relacionamento cósmico, que se expressam no nitrogênio natural desta: as sementes (ricas em proteínas, da qual o nitrogênio é componente obrigatório). O nitrogênio está para as plantas assim como o oxigênio está para os animais. Ele é infinitamente importante para a vida delas. As plantas não têm corpo astral, assim, elas têm que ser tocadas pelo plano astral, de forma externa. Assim faz o nitrogênio cósmico. Ele põe sobre os vegetais uma vida sensitiva; ele é consciente das forças que vêm das estrelas e trabalha para pô-las na vida das plantas e da terra. É este processo que dá a misteriosa sensitividade às plantas. O nitrogênio carreia as propriedades da vida para aquelas estruturas do reino da terra para os quais pode ser carreado – sobre a planta, através do solo da mesma. Com relação aos seres humanos, o nitrogênio têm uma relação espiritual conosco. É através dele que as forças cósmicas e terrestres atuam. Ele é a impressão do astral no físico; é a extensão do plano astral. Ele dá capacidade do astral trabalhar fisicamente. O nitrogênio dá vida ao princípio espiritual; é essencial para a sobrevivência da alma.
f. Química - as Erythrina spp relacionam-se com as plantas do gênero Chondondendron e Strycnos, com alcalóides de ação curarizante. Os alcalóides presentes nas Erythrina spp, eritrina e eritroidina, este constituído de dois alcalóides isômeros, alfa e beta-eritroidina, ambos dextrógeros. Estão ainda, presentes eritrocoraloidina e migurrina (glucóside análogo à saponina) e a rotenona, substância cristalina com ação inseticida. Há ainda, o alcolóide erysocine de ação semelhante ao curare, isolado de diversas espécies de Erythrina. As sementes das plantas do gênero Erythrina contém alcalóides de ação curarizante. As propriedades farmacológicas do beta-eritroidina e de seu derivado diidro são muito semelhantes a da d-tubocurarina, alcalóide isolado do gênero Chondondendron. Os compostos diferem do curare em 3 aspectos: ação paralítica menos potente sobre as junções neuromusculares, duração mais breve da paralisia e eficácia oral. Ao contrário do curare, causa depressão do SNC em doses clínicas. O alcalóide eritrina é usado como antídoto da estricnina e a ingestão da casca pode causar morte.
g. Usos medicinais a Erythrina crista-galli (corticeira) acalma o sistema nervoso quando do cozimento da casca. É usado também em forma de compressas, topicamente, em casos de golpes, contusões, etc. (20 gramas da     casca em 1 litro de água; 4 a 5 xícaras por dia - decocção). A eritrocoraloidina presente nas cascas das hastes e folhas é de ação hipnótica, béquica e peitoral, não ocasionando forte hiperemia para o cérebro. A casca tem ação purgativa, diurética e calmante nas excitações nervosas, e a folha de uso tópico, de ação antiodontoálgica e para curar úlceras e hemorróidas. As propriedades da casca da Erythrina corallodendron foram apresentadas em 1930 pelo Laboratório Silva Araújo, a partir do extrato fluido ou da tintura, como sendo hipnótico e sedativo, recomendado como preferível ao ópio e à beladona, por provocar sono tranquilo, “sem determinar congestão do sangue para os centros cerebrais.” Ainda, acalma as tosses das bronquites e modera os acessos de asma.
h. Tradição, mitologia,sabedoria popular – no caso da E. mulungu, a madeira pode ser aproveitada apenas para caixotaria leve. A madeira da E. speciosa tem uso limitado pelas pequenas dimensões, podendo eventualmente ser aproveitada também para caixotaria leve. A madeira da E. velutina é empregada na confecção de tamancos e jangadas, e brinquedos, além de caixotaria. Na E.verna, sua madeira presta-se apenas para forros e confecções de caixas, cepas de tamanco e pasta celulósica.
A planta da eritrina, perde suas folhas no inverno, quando então floresce. É como se a árvore morresse no inverno para renascer na primavera. É o que os druídas denominam de ciclo das mortes.     
O beija-flor, pássaro predominante a sugar o néctar desta planta, é tido como símbolo de alegria e prazer, devido a seu encanto. No mito indígena americano, é um pássaro fiel, que representa beleza, alegria e satisfação. Os deuses Quetzal (maia) e Huitzilopochtli (asteca, da guerra) usavam suas penas, que em muitas partes se julga terem propriedades mágicas. A simbologia dos pássaros é a representação da alma humana, elevação espiritual. As asas agregadas ao homem simbolizavam sua capacidade de transcender as limitações do físico e atuar como intermediário/mensageiro, trazendo mensagens e visões divinas.
As espécies do gênero Erythrina, conhecidas por mulungu, e, que são usadas nas curas e nos rituais religiosos afro-brasileiros, são:
·        Erythrina vema
·        E. corallodendron
·        E. speciosa
O termo mulungu é empregado para designar o Ser Supremo em 25 línguas e dialetos do Leste africano, desde o Baixo Zambeze até o lago Vitória e da Costa até o rio Luangua. Esse ser supremo vulgarmente tido como Criador, é associado ao trovão, ao relâmpago e à chuva.
O dicionário Português-Umbundo (Umbundo é língua falada no centro de Angola) apresenta o verbete mulungu: o mesmo que mulungu e equiparado ao “muave” e que se emprega em provas judiciais como prova de veneno, ombuloungo. “Muave”, planta venenosa conhecida por “pau-dos-feiticeiros”. No século XVIII já se fazia referência ao mulungu, também chamado argueiro, usado como emoliente e resolutivo.
Um estudo sobre a medicina indígena americana, diz que as plantas do gênero Erythrina  eram usadas por índios da América do Sul e da América Central com propósitos tóxicos e medicinais, como hipnótico, diaforético e emenagogo, além de seu uso como veneno para a pesca. A E. verna é usado no Estado da Paraíba na forma de decocto da casca no tratamento da asma e afecções intestinais. A mesma espécie, é empregada no Estado do Paraná como hipnótico e sedativo suave do sistema nervoso. Na Bolívia as sementes de E. corallodendron são venenosas e a casca e talos machucados empregam-se para entorpecer peixes. Como veneno para a pesca, os índios americanos já tinham conhecimento e a ação ictiotóxica certamente deve-se à rotenona presente nas plantas do gênero Erythrina. No México, a casca da mesma espécie citada acima é usada na bronquite, asma e nevralgias crônicas, além de ser hipnótica e sedativa. Na Argentina, entre as espécies indígenas estão a E. crista-galli, também chamada seibo e considerada “flor nacional argentina”. A casca dessa planta é empregada como cicatrizante, possuindo propriedade adstringente, narcótica e calmante. Quanto às flores e folhas, estas são também de ação narcótica e calmante.
Nos rituais de religiões afro-brasileiras, o mulungu (Erythrina corallodendron) é empregado no catimbó[1] do Ceará como peitoral, calmante, emoliente e nos candomblés da Bahia é usado nas bronquites e como sedativo das doenças nervosas. A mesma espécie também é usada no catimbó do Rio Grande do Norte, como peitoral e calmante das excitações nervosas. Ainda a mesma espécie, emprega-se em rituais religiosos de influência africana e na pajelança[2]. Nas práticas de cura, usam o decocto da casca para tratar inflamações de fígado e baço. A espécie usada em rituais afro-brasileiros no Estado de Pernambuco, é a E. vellutina, empregada no preparo de banhos de “descarrego”, com o propósito de trazer bem estar e tranquilidade ao usuário, e, também usada em garrafadas medicinais, às quais associam angico (Anadenanthera colubrina), barbatimão (Stryphnodendron sp) e aroeira (Schinus sp).
Diz-se que mulungu, no camdomblé, é planta pertencente a Egungum, que são espíritos, monstros. As folhas batidas com outras plantas são empregadas em rito fúnebre e para “descarrego”, ou seja, ação de afastar forças negativas de pessoas ou ambientes. No mesmo candomblé, o decocto feito com lascas do tronco ou da raiz do mulungu é oferecido aos iniciantes durante o tempo de reclusão exigido, a fim de deixá-los tranquilos e relaxados.
Cápsulas de pó de mulungu podem ser adquiridas em lojas especializadas em artigos para rituais afro-brasileiros. Sabe-se que a gama de alcalóides presentes no gênero variam, segundo as espécies. E, a escolha da espécie a ser utilizada depende tão somente da ocorrência na região em que se encontra o usuário.      Há unanimidade quanto à propriedade hipnótica da casca do mulungu e seu emprego como sonífero e calmante das excitações nervosas, consumidas oralmente, por meio de diferentes preparados. Esta eficácia é obtida pelo extrato fluido e tintura comprovados pelos produtos do Laboratório Silva Araújo.       
i. Quatro Elementos – o elemento predominante nesta planta é o fogo, seguido pelo ar; o ar que mantém o fogo. Isto me faz sentir, a natureza sempre guerreira da planta. O fato de várias vagens apontando para a terra, se apresentarem no mesmo pedículo da flor, me transmite a necessidade desta personalidade colocar os pés na terra, de ser menos inflamado. O fogo faz as cinzas que são novamente transformadas em terra. Mostra a necessidade da transformação nesta planta.
j. Relacionamento Cósmico e Terrestre – é parasitada por fungos, e, visitada por beija-flores e outros pássaros que vem sugar seu néctar.
k. Ciclos Diários e Sazonais – seu símbolo estacional é o início da primavera, quando a natureza desperta e tudo se abre para que comece um novo ciclo vital. A árvore da eritrina é decídua, suas folhas são perenes; a queda das folhas da eritrina coincide com o início da floração - inverno. No outono os dias vão se tornando mais curtos e a temperatura entra em declínio, assim, para reduzir ao máximo o gasto de energia, as plantas se livram das folhas como forma de proteção ao frio. Assim, a eritrina, perde todas as suas folhas no inverno. Os dias mais curtos, a temperatura mais amena são sinais que a natureza dá para que as plantas comecem a produzir um hormônio chamado ácido abcísico. Esse hormônio se acumula na base da haste da folha – o pecíolo – matando as células daquela região e provocando a queda. Esse processo também acontece no inverno. A Erythrina speciosa , perde todas as suas folhas em maio e cobre-se de flores vermelhas em julho. No final da floração, final do inverno, começam a surgir as novas folhas. Nesta fase se notam apenas uma ou outra flor bem no alto da árvore. As flores caem na mesma ordem em que nascem; de baixo para cima. No mês de Setembro, ainda se observa beija-flores sugando o néctar da flor.
l. Ambiente/habitat – cresce em solos férteis, ao ar livre, no meio a mata atlântica nativa, ou entre primaveras, ipês e coníferas. Livre de sombreamento, ou mesmo usada em jardinagem. É visitada por beija-flores, e outros insetos. Apresenta dispersão uniforme, porém geralmente com moderada frequência, ou seja, encontra-se na mata ao lado de outras 2 ou 3 eritrinas em meio a demais vegetação silvestre. Floresce lindamente no inverno, em período de seca, apesar de ser adaptada a lugares muito úmidos.

6. Percepção Sensorial – a presença deste arbusto remete a uma impressão de período de lutas e aridez. A mim transportou a época medieval, pela alusão aos capacetes, às chamas das velas, à cor vermelha utilizada por estes guerreiros. Uma sensação de garra e força. Os espinhos e as “agulhas” transmitem a idéia de coragem, o arrojo, o ímpeto para enfrentar os problemas e os medos.
            Existe uma varidade de inflorescência cor-de-rosa (E. amazonica), com sépalas verdes e com ausência de espinhos, que mais parece ser uma evolução da planta.
            O conjunto de características desta planta, lembra o significado de Holly para os Druidas, romanos e cristãos: a coroa de espinhos, e, os pontos vermelhos simbolizando o sangue de Cristo. Ainda apresenta, também, a simbologia de proteção, com a figura dos capacetes e, com os candelabros acendendo uma luz, quem sabe para afastar os maus espíritos.



II EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO ARTÍSTICA
1. Música - a cor vermelha das flores, a posição ereta, a forma lanceolada das folhas leva-me a imaginar guerreiros medievais (pela forma de capacete das flores) em marcha, com suas armas com ponta de flecha e espadas apoiadas no ombro. O formato de candelabro da árvore também remete-me a época medieval. Os espinhos remetem às lutas marciais. Marte se relaciona a nota musical DÓ, e, aos ritmos marciais. Assim, escolheria para esta planta a música “Marcha Triunfal de Aida”, de Verdi.
2. Filme – o filme que melhor retrata a maioridade das características estudadas nesta planta é “Spartacus”, com Kirk Douglas e Tony Curtis, na minha opinião. O personagem é um destemido gladiador; o filme conta da eterna luta do homem pela liberdade. Nas cenas, se veêm os guerreiros medievais, com seus capacetes redondos, com suas capas vermelhas, lanças e/ou espadas (espinhos), muitas lutas e guerras. Também aparecem cenas de fogo, chamas e velas acesas (elemento predominante). A música de abertura do filme é um grito de guerra.

3. Literatura

“Dizer que alguém merece chá de mulungu é publicidade bastante em diagnóstico psicopático. Na sombra do mulungu não brincam crianças e sim meninos já taludos. A penumbra da árvore enfraquece, debilita, esgota. Por isso tranquiliza os candidatos sôfregos da insanidade.”
Luis da Câmara Cascudo (1971).                                                           Tradição, ciência e povo.                                                                  Perspectiva.

4. Fotografia
Erythrina candelabro


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
                                                               
ABRIL CULTURAL. Erythrina. IN:______. Enciclopédia de Plantas e Flores. São Paulo: Abril S/A Cultural e Industrial, 1977

ARROYO, Stephen. Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos. 9ed. São Paulo: Editora Pensamento,1993. 204p.

BALBACH, Alfons.  Flora Nacional na Medicina Doméstica. 23ed. São Paulo: EDITORA , VOL II, 919p.

BONTEMPO, Márcio. Medicina Natural – Plantas Medicinais. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda.,1992.

BRUCE-MITFORD, Miranda. O Livro Ilustrado dos Símbolos – o universo das imagens que representam as idéias e os fenômenos da realidade. São Paulo: Publifolha,2002     

CAMARGO, Maria Thereza Lemos de Arruda. Contribuição ao estudo etnobotânico de plantas do gênero Erythrina usadas em rituais de religiões afro-brasileiras. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, IEB/USP, Universidadede de São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www.aguaforte.com/herbarium/Erythrina.html > Acessado em 13.set.2007

FUKUOKA, Masanobu. Agricultura Natural – Teoria e Prática da filosofia verde. São Paulo: Nobel,1995.  300p.

LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil,vol.1. 4ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum,2002.
       
READER´S DIGEST. Ipê. In: ______.      Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais – Um Guia com Centenas de Plantas Nativas e Exóticas e Seus poderes Curativos. Rio de Janeiro: Reader´s Digest Brasil Ltda,1999, p.230.

STEINER, Rudolf. Agriculture. London:Bio-Dynamic Agricultural Association, 1974. 3ª ed. 174p.
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Ipê-amarelo
Tabebuia sp

I - EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO OBJETIVA
Entrando em ressonância com a planta – decidi estudar o Ipê-amarelo, por ver a árvore toda florida, nos meses de inverno, e nos dias que coincidem com os dias da festa do padroeiro da cidade de São Roque. O ipê perde todas as suas folhas antes da floração, o que acontece entre agosto e setembro. As flores se apresentam em cachos de um amarelo vivo, dando à árvore um aspecto belíssimo. A esplêndida florada do ipê-amarelo ocorre no momento em que a estação seca empresta um ar de tristeza à vegetação. É um momento de alegria, festa e esplendor na cidade, e o colorido das flores e sua exuberâcia dão me uma sensação de júbilo.

O ipê-amarelo é também a flor símbolo da cidade, exatamente por sua constante presença natural em nossas montanhas.

1. Descrição da Planta - árvore grande, de tamanho variável, de copa rala, de diâmetro pouco maior que a metade da altura. Seu tronco é reto ou levemente tortuoso. Casca áspera, às vezes lisa, pardacenta e fibrosa. As folhas são divididas em folíolos digitiformes de cerca de 20 cm de comprimento, variando de 5 a 7, dependendo da espécie; são revestidas de pêlos amarelados que dão um tom cáqui à folhagem. Flores com cálice piloso (preocupação com o meio externo) e corola, de coloração amarelo-ouro; frutos de cápsula alongada.
As flores do Ipê-amarelo surgem na extremidade dos ramos (axilares) e duram poucos dias. A floração ocorre no inverno, estação em que as folhas caem. Apresenta tronco, os galhos e os ramos retorcidos. Os Ipês multiplicam-se facilmente por sementes, mas seu crescimento é lento. São lindas árvores que embelezam e promovem um colorido no final do inverno.
2. Como as várias partes se relacionam à planta inteira – as flores são axilares, e, somente germinam em ramos velhos com mais de um ano. As plantas novas somente florescem a partir dos 3-4 anos de idade.
3. Ambiente/habitattambém conhecida como ipê-tabaco, o ipê-amarelo é árvore bastante comum, vegetando no Brasil de norte a sul e de leste a oeste.
4. Elementos da Natureza
a)     Terra – os frutos (vagens) apontam para a terra.
b)     Água – quando o ar está seco o Ipê perde suas folhas.
c)     Ar – flores em formato de boca/garganta/faringe – para “sorver” o ar. 
d)     Fogo – finas estrias vermelhas no interior das flores.
5. Doze Janelas de Percepção
a. Forma, gesto, assinatura – a copa da árvore tem uma forma arredondada; a planta é heliófita, sendo que suas flores se dirigem em direção ao sol, e, são de odor levemente adocicado (Júpiter). As flores delicadas (Vênus = representa o impulso para se relacionar e ser aceito. Representa também a necessidade de sentir prazer), de cor amarelo-ouro (símbolo solar de sabedoria, força, poder, hierarquia) são campanuladas com finas estrias vermelhas em seu  interior (Marte). O simbolismo de Vênus e Marte nas flores, traduz-se pelo prazer (Vênus) de lutar (Marte) pela vida, de vencer os obstáculos sem deixar de amar a vida. As flores amarelas (riqueza) também são símbolo de amores (Vênus) afortunados. São flores de cinco pétalas (unificação do conhecimento) que se fundem formando uma boca aberta, com o pedúnculo floral em formato de garganta/faringe (ar). As pétalas são aveludadas e os ramos, folhas, cápsula do fruto e sépalas são peludos (contato com o mundo exterior = Mercúrio) de cor ferrugem. As folhas são pilosas em ambas as faces quando jovens, assim como as vagens, de forma cilíndrica. Suas sementes são aladas (Mercúrio). As abelhas que polinizam a planta, sugam seu néctar, portanto, sugam sua energia, simbolizando o vampirismo.
b. Famílias botânicas da planta - Família Bignoniaceae, se caracteriza por árvores de flores grandes, coloridas e de frutos capsulares. A diferenciação entre as espécies se dá pela forma e tamanho dos frutos; e característica dos troncos, sendo que apenas duas possuem a característica de troncos tortuosos: a T. aurea e T. ochracea. A T. vellosoi se distingue das demais espécies de cor amarela, por possuir a corola mais longa de todas. Esta árvore é extremamente ornamental, constituindo seu florescimento num belo espetáculo da natureza. Por essa razão essa espécie foi escolhida como a “árvore símbolo do país” através de decreto federal.
c. Cor – amarelo ouro. As flores amarelas são de caráter solar e tem relação com os símbolos solares de sabedoria, força, poder, hierarquia. No significado das cores, está relacionado com o mundo da mente, da intuição, da imaginação e o universo de inspiração. Condutor de correntes magnéticas, alcalino, fortalece os nervos. Estimula a mente superior, nos dá auto-controle. Boa para meditação, mantralização, desdobramento astral, etc. Na linguagem das flores, as amarelas são misteriosas – uns dizem que simbolizam o ciúmes, enquanto outros afirmam que estão ligadas a amores afortunados.  Porém, a cor amarela possui qualidades expansivas e habilidade em romper a escuridão.
Na cromoterapia, o amarelo representa a energia vital, formada pela natureza que a tudo revitaliza e reproduz. É uma cor nobre que indica atividade mental, no aspecto físico e energia espiritual, na área do espírito. Energia positiva. No trabalho de cromoterapia sua  ação é dirigida, principalmente para o fortalecimento do corpo humano, onde funciona como revitalizadora e estimulante dos campos nervosos e musculares da pele. Contribui também de maneira acentuada, para a regeneração dos problemas ligados à ossatura e às medulas ósseas e, como energia desintegradora, nos tratamentos dos cálculos renais, biliares e vesiculares. O cerne da árvore é oliva-amarronzado-escuro ou oliva-escuro, geralmente uniforme, com reflexos esverdeados devido a presença da substância lapachol – os tons de verde remetem ao fígado (vesícula biliar), órgão regido por Júpiter. O fígado é o órgão que purifica o sangue, o fluxo da vida. As emoções tóxicas terminam por dificultar os processos digestivos, gerando toxinas que envenenam os homens. Júpiter proporciona ao espírito humano, a verdadeira alegria, jovialidade e vontade de viver. A combinação Vênus/Júpiter representa um espírito alegre, aventureiro, desejoso de companhia e ávido por prazer.
A força da cor verde, na cromoterapia, é avaliada pela sua própria posição na faixa do espectro solar; é a central. A partir daí, podemos vê-la como a cor principal da natureza e, importantíssima em relação à espiritualidade. Há quem afirme que é a cor do equilíbrio entre a natureza física e o espírito imortal. É a única das cores básicas e de participação e atividade em quase todas as áreas de tratamento, justamente, pela sua imensa faixa de penetração, podendo verificar-se a sua ação desde a limpeza da aura até o isolamento de áreas, além de funcionar como um poderoso anti-infeccioso, em alguns tipos de aplicação. Possui uma infinidade de matizes, o que é uma determinante da sua importância no trabalho de cromoterapia.
O verde é a cor usada, normalmente, para se fazer a limpeza da aura do paciente em equilíbrio espiritual. Dentro de suas múltiplas funções, o verde, pode agir no sistema muscular e sobre artérias, veias e vasos, como energia dilatadora, sendo muito usado pos problemas circulatórios e nos partos.
d. Fragrância - as flores tem odor levemente adocicado; a madeira possui odor característico devido a presença da substância ipeína ou lapachol.
e. Bioquímica – a família das leguminosas captura o componente cósmico do nitrogênio para que ele possa fertilizar a terra. Assim, a T. ochracea , como planta adaptada a terrenos secos, é útil para plantios em áreas degradadas de preservação permanente. E, a T. umbellata, adaptada a terrenos brejosos, é presença indispensável nos reflorestamentos de áreas ciliares degradadas.
f. Usos medicinais - o decocto da casca do Ipê-amarelo  é aconselhado, em gargarejos nos casos de estomatite, garganta ulcerada, angina sifilítica, etc. Em banhos, emprega-se contra as dermatoses. Usa-se a madeira e a casca do Ipê em decocção, no tratamento caseiro do impetigo e do câncer, devido às propriedades anti-sépticas e antitumorais do Ipê. O princípio ativo do Lapachol demonstrou ser eficaz na inibição do crescimento tumoral e como antiinflamatório. Esse mesmo princípio encontra-se também em outras espécies, porém, em quantidades diferentes.[3] O líber (ou floema) da casca do pau-d´arco (T. conspicua) é apregoado como adstringente, sendo utilizado contra as estomatites e as úlceras da garganta, e origem sifilítica. A Tabebuia chrysotricha é utilizada como depurativo do sangue(pruridos e eczemas), reumatismo, inchaço dos pés, antitumoral, analgésico, feridas de mau aspecto, pruridos, coceiras, doenças da pele, inflamações da gengiva e da garganta. No uso culinário utiliza-se o chá da entrecasca (novos ramos) e flor. Considerado  tóxico em doses elevadas, pode levar a perda de peso, anorexia e diarréia. Não é recomendado às gestantes. A casca e a entrecasca, amarga, da T.aurea são usadas na medicina popular contra febres, úlceras e como diurético. A raiz, em casos de gripe (doenças mercuriais = pulmões), e, os brotos como antissépticos e depurativos.
g. Tradição, mitologia, sabedoria popular - Nome originário do Tupi I´pé, cujo significado é “árvore cascuda”, por possuir uma casca áspera, rugosa e fibrosa. A madeira do Ipê tem sido muito extraída, devido a sua boa qualidade. Foi muito usado pelos índios brasileiros na confecção de bodoques e arcos, o que levou a denominação pela qual é conhecida popularmente: pau-d´arco. Fornece, também, madeira pesada, lisa, utilizada na construção civil, ripas, cepas para tamancos, curvas de celas, carpintaria, caixotaria e pasta para papel. A madeira flexível é usada para cabos de ferramentas, e peças curvadas e outros artigos com esta característica. A casca da T. aurea, quando fervida, fornece um corante amarelo utilizado para tingir fios de algodão usados em tecelagem. Ao longo desses 500 anos, o Ipê foi amplamente cultivado por sua beleza, mas seriam a utilidade e a durabilidade de sua madeira que o tornariam tão conhecido. Seu uso na estrutura do telhado das igrejas do século XVII e XVIII foi o responsável direto por tais monumentos ainda existirem, uma vez que nem as telhas nem a alvenaria resistiram ao tempo.
            A flor, eleita em 1937, pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como flor nacional do Brasil, é a representante da flora brasileira mais cantada pelos poetas.
As abelhas que sugam o néctar do Ipê simbolizam a evocação de sentimentos tanto de medo quanto de admiração. Constituem um símbolo bastante difundido de imortalidade e renascimento, assim como de inteligência e organização social. A abelha extrai seu alimento das flores e vive em perfeita organização social, por isso, tornou-se um símbolo de pureza e disciplina. Simboliza pureza (por ser um animal que vive entre as flores), disciplina (devido à organização exemplar das colméias), trabalho (pela atividade incessante das abelhas operárias) e realeza (o poder exercido pela abelha rainha é reconhecido e respeitado por todas as outras). Na Grécia antiga, era o símbolo das sacerdotisas de Éfeso e Elêusis, que se chamavam “abelhas” e que preservavam a virgindade da mesma forma que as abelhas operárias. Entre os cristãos, representa o Espírito Santo. São um emblema de diversas divindades greco-romanas e hindus, incluindo Cupido e Kama – ambos deuses do amor. Kama é às vezes representado com uma fila de abelhas a segui-lo, o que significa a dor doce do amor. Cupido, em grego Eros, era o Deus romano do amor terreno, filho de Vênus. Na pintura de “Vênus e Cupido”, de Lucas Cranach, o Velho, 1545, representa-se Cupido chorando por ter sido picado por abelhas, ao lado de sua mãe. Vênus, em resposta, reprova o filho por causar feridas ainda mais dolorosas que essas nas pessoas. Vênus e Cupido são deuses do amor e nesta pinturam representam seus dois lados: prazer e dor. As abelhas sobre cupido representam a picada do amor.
O beija-flor é tido como símbolo de alegria e prazer, devido a seu encanto. No mito indígena americano, é um pássaro fiel, que representa beleza, alegria e satisfação.
Os deuses Quetzal (maia) e Huitzilopochtli (asteca, da guerra) usavam suas penas, que em muitas partes se julga terem propriedades mágicas. 
h. Quatro Elementos – o elemento predominante é ar. O elemento ar mostra sua importância, quando a flor adquire formato de boca e garganta, e a planta perde as folhas, que são alimentadas pelo ar.
i. Relacionamento Cósmico e Terrestre – parasitas como líquens e outros fungos, foram um achado comum. Entretanto, um fato foi único: a convivência com uma Bromélia, também um parasita, no alto de um Ipê, em meio a alguns pinheiros, que também estava florida em pleno inverno. A árvore do Ipê é decídua, suas folhas são perenes, o que representa os ciclos da morte; a queda das folhas do Ipê coincide com o início da floração (inverno). No outono, os dias vão se tornando mais curtos e a temperatura entra em declínio, assim, para reduzir ao máximo o gasto de energia, as plantas se livram das folhas como forma de proteção ao frio. Assim, o Ipê, perde todas as suas folhas no inverno. Os dias mais curtos, a temperatura mais amena são sinais que a natureza dá para que as plantas comecem a produzir um hormônio chamado ácido abcísico. Esse hormônio se acumula na base da haste da folha – o pecíolo – matando as células daquela região e provocando a queda. Esse processo também acontece no inverno. É como se a árvore morresse no inverno para renascer na primavera (Mito grego de Perséfone).
A simbologia dos pássaros, que sugam o néctar do Ipê, é a representação da alma humana, elevação espiritual. As asas agregadas ao homem simbolizavam sua capacidade de transcender as limitações do físico e atuar como intermediário/mensageiro, trazendo mensagens e visões divinas.
j. Ciclos diários e sazonais- o Ipê perde todas suas folhas no inverno, com a chegada do período caracterizado pela secura do ar, e pelos dias mais curtos e noites mais longas. Então, apresenta a floração, um belo espetáculo que pode durar 20 dias. A nova brotação das folhas acontece com as primeiras chuvas de agosto e setembro Durante os meses que antecedem o outono e o inverno, a árvore vai acumulando energia para poder, assim, realizar um novo espetáculo. O ciclo do Ipê é muito adaptado e está associado ao foto-período e à umidade. É normal que antecipe um pouco o início da floração – às vezes em dois meses - com as alterações climáticas de cada ano. Quanto mais frio e seco for o inverno, maior será a intensidade da florada. O Ipê é muito resistente a geadas. No final da floração, aparecem as vagens.
 k. Ambiente/habitat a Tabebuia vive em região de mata atlântica,  onde é árvore nativa. Cresce em exposição direta ao sol, em solo fértil e bem drenado, como vegetação secundária. Devido a exuberância de suas flores, atraem abelhas (mamangavas) e pássaros, principalmente beija-flores que são importantes agentes polinizadores. Encontra-se dispersa, entre Ipês, pinheiros e outras plantas e árvores silvestres. O fato de perder todas as folhas e todas as flores de uma só vez (caducifólia), torna-se favorável porque sem a folhagem, as flores e os frutos tornam-se mais atrativos aos insetos e a queda das folhas e flores ajuda a manter a umidade do solo justamente em um dos períodos mais secos do ano. E já que o ar está seco, e é ele que alimenta as folhas, o Ipê perde suas folhas, a fim de guardar energia. O ciclo do Ipê está muito relacionado à umidade; ele vive bem em clima quente e úmido.            

6. Percepção Sensorial – casca e entrecasca amargas. Várias partes da planta apresentam pêlos, com a aparência de veludo, o que convida ao toque. É uma sensação de macio e é agradável. Olhar para a árvore florida dá uma sensação de paz. É lindo ver os beija-flores sugando o néctar; sente-se a vida.


II - EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO ARTÍSTICA
1. Música - A cor amarela das flores, está relacionada à Mercúrio, à nota musical MI, e, à músicas alegres. Escolheria para esta planta “Abertura de Guilherme Tell (parte final)”, de Rossini.
2. Filme - Como filme que melhor representa esta planta escolhi “Irmão Sol, Irmã Lua”, que conta a história de São Francisco de Assis, o santo da alegria e do amor universal. Ele percebe que a alegria da vida está em pequenas coisas, como a natureza, os pássaros e insetos. Em plena praça se despe na frente de todos, e do bispo da Igreja católica (a árvore quando fica despida no inverno), como renúncia a riqueza, e a todo bem material, e, renasce para uma nova vida: a vida humilde e modesta (também a simbologia da planta é de morte e renascimento). Francisco passa a louvar a natureza, os pássaros, o sol, a lua, a chuva, a pobreza, etc. Canta e agradece a Deus, pela alegria na simplicidade de todas as coisas feitas por ele. Leva uma vida simples e despojada (como a árvore do Ipê). Consegue adeptos em pouco tempo, num ritmo acelerado (simbologia dos pêlos que nesta planta é muito intensa em todas as suas partes, mostrando a necessidade de transmitir estas idéias a outras pessoas, e, agregá-las), e, assim nasce a Ordem Franciscana (Organização Social).
Um de seus cânticos, diz:
É doce sentir
Como no meu coração
Agora humildemente
Está nascendo o amor
É doce entender
Que não sou mais só
Mas que sou parte
De uma imensa vida
Que generosa
Resplende em volta de mim
Dono dele
De seu imenso amor
Nos deu o céu
E as estrelas claras
Irmão Sol
E Irmã Lua
A Mãe Terra
Com frutos, prados e flores
O fogo, o vento
O ar e a água pura
Fonte divina
Para sempre
Dono dele
E de seu imenso amor
Dono dele
E de seu imenso amor.

E, em um trecho de outro cântico, ele recita:
... E as alegrias simples
São as mais belas
São aquelas que de fato
São as maiores.

3. Foto




REFERÊNCIAS
ABRIL CULTURAL. Ipê. IN:______. Enciclopédia de Plantas e Flores. São Paulo: Abril S/A Cultural e Industrial, 1977

BALBACH. Alfons.  Flora Nacional na Medicina Doméstica. 23ed. São Paulo: EDITORA , VOL II, 919p.

BRUCE-MITFORD, Miranda. O Livro Ilustrado dos Símbolos – o universo das imagens que representam as idéias e os fenômenos da realidade. São Paulo: Publifolha,2002.

HORÓSCOPO DRUÍDICO. Ipê. Disponível em:

JORGE, Iva Gavassi. Ipê-amarelo. Disponível em: <http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia> Acessado em 06 set.2007.

JORNAL DE PLANTAS E FLORES. – Suplemento de “Plantas e Flores” - nº24. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

LORENZI, HARRI. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil,vol.1. 4ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum,2002.    

NUNES, René. Cromoterapia. A Cura Através da Cor. 3ª ed. Brasília : Papelaria ASA-SUL,1982. 206p.
  
READER´S DIGEST. Ipê. In: ______.      Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais – Um Guia com Centenas de Plantas Nativas e Exóticas e Seus poderes Curativos. Rio de Janeiro: Reader´s Digest Brasil Ltda,1999, p.230.

______.Ipê amarelo. Disponível em <http://www.iesambi.org.br> Acessado em 06 set.2007.

_____.O Brasil e seu inverno colorido. Disponível em: <http://www.furla.com.br/jornal>. Acesso em: 23 ago.2007.

_____.Porque as folhas das plantas caem no outono? Disponível em: <http://www.jardimdeflores.com.br/CURIOSIDADES/curiosi 1.html> Acessado em 06 set.2007.


Revista Digital Casa e Cia jardinagem. Plantas aromátias,medicinais e condimentares. Disponível em: <http://www.casaecia.arq.br/plantas_aromaticasvl.htm> . Acessado em: 30 ago.2007.

THEODORO, Giovana Beatriz. Tabebuia alba (Ipê-Amarelo). Instituo de Pesquisas e Estudos Florestais. Disponível em:



VIEIRA, Rosana S.S. Apostila do Instituto Cosmos de Terapia Floral – Aprendendo a Usar os Florais de Bach. Campinas:2002.

QUÍMICA AMPARO LIMITADA. A árvore ipê. Disponível em:  <http://www.ype.ind.br/saibamais.htm > Acessado em 06 set.2007.

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Paineira-rosa
Chorisia speciosa Saint-Hill

I - EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO OBJETIVA

Entrando em ressonância com a planta –

1.    Descrição da Planta – árvore muito grande, com até 20 m de altura. - armazenamento de água. Esta árvore é provida de grandes acúleos (emergência rígida e pontiaguda do caule das plantas, distinta do espinho por destacar-se com facilidade e ser mais superficial) no grosso tronco em sua porção inferior e em seus ramos. São fortes acúleos rombudos, afiados nos ramos mais jovens. Folhas digitadas, em forma palmada (forma de mão, com dedos irradiando-se da palma). As folhas alternadas compostas em forma de palmas tem folíolos que partem de um único ponto no talo. Cada pecíolo possui 7 folíolos, de borda serrilhada e nervura central e forma lanceolada. Possui enormes flores rosáceas, altamente ornamentais. O fruto, que têm a aparência de um pepino, quando se abre, solta uma paina branca. Possui variedades de flores brancas e rosa de várias intensidades. As flores são grandes, com pétalas obovais espatuladas, e, seus órgãos reprodutivos encontram-se unidos em um longo androginóforo. Os frutos são cápsulas oblongas verdes, de 20 c, de comprimento por 5 cm de diâmetro, que, quando maduras, explodem, expondo as sementes envoltas em fibras finas e brancas que auxiliam na flutuação, que é chamada de paina. Uma grande paineira pode deixar um tapete branco de paina caída aos seus pés no final da época de frutificação.

2. Como as várias partes se relacionam à planta inteira – Copa grande e tronco forte. Possui tronco imponente, folhagem decídua, flores grandes e coloridas e frutos que expõem as painas como flocos de algodão em seus ramos. A paina é uma fibra fina e sedosa, mas pouco resistente. As folhas compostas palmadas, caem na época da floração.
a)     Ambiente/habitat – peculiar às matas tropicais. A "paineira" é uma das mais típicas árvores das florestas secas do interior do Brasil. È além do mais árbvore grandemente ornamental, pelo seu porte e por sua florada magnífica. Seu lenho é atacado pela larva do Dryoctenes sempulosus germ. E os frutos são atacados pelas larvas de Lonchophorus daviesii swed e L. obliquus chevrolat.

b)     Elementos da Natureza
a.    Terra -
b.    Água – a barriga ou bojo do tronco da paineira, acumula o excesso de água. E também é na época de seca que ela inicia sua floração. É o principal elemento;                                      
c.     Ar - é um elemento de segunda importância para esta árvore, que perde suas folhas, favorecendo a passagem do ar pela planta. Também a paina atua ajudando as sementes a flutuar no vento para serem carreadas. Isto demonstra a necessidade do elemento ar;
d.    Fogo a única alusão ao fogo são as pintas vermelhas no interior das flores rosas.       
3. Doze Janelas de Percepção
a. Forma, gesto, assinatura - Os acúleos do tronco e as folhas serrilhadas mostram a influência de Marte, assim como também as pintas vermelhas nas flores. As enormes flores e o porte majestoso da árvore, demonstram sua relação com Júpiter. A forma espalmada das folhas – as mãos, pelos gestos que fazem, podem significar bênção, proteção, justiça e autoridade. Curandeiros costumam “impor as mãos”, e falamos em “dar uma mão” quando ajudamos alguém. Pessoas de mãos dadas denotam afeição; e, a cor rosa, na linguagem das flores estaria ligada aos amores sublimes. As folhas compostas são formadas por 7 folíolos (dígitos), como que divididos em dois grupos: quatro dígitos superiores e maiores, e, três menores, inferiores. O sete é um número sagrado, que representa a união da divindade (três) com a terra (quatro). São sete também as notas da escala musical.  E, Sete os Pecados Capitais: gula, preguiça, luxúria, orgulho, ira, inveja e avareza. E, também são Sete os Deuses da Fortuna – divindades populares associadas com a boa sorte - no Xintoísmo, religião nativa do Jápão. Cada um deles representa um aspecto da vida que pode trazer longevidade ou prosperidade. São eles: Benten, deusa do amor, Bishomonten, deus da guerra, Hotei-Oshu, deus da generosidade, Jurojin e Fukurokuju, deuses da longevidade, Daikoku, deus da riqueza, e Ebisu, deus do trabalho.
As flores são grandes, com 5 pétalas. Resultante de dois (feminino) mais três (masculino), o cinco é importante em muitas culturas. Aqui encontramos o feminino e o masculino: “yin e yang” – segundo o pensamento chinês, tudo no universo é feito destas duas qualidades opostas. O yin representa qualidades femininas, receptivas e submissas. O yang é masculino, ativo e inflexível. Ambos têm de ser mantidos em equilíbrio. Também o aparelho reprodutor desta flor é fundido. Seus órgãos reprodutivos encontram-se unidos em um longo androginóforo; ela é hermafrodita (do nome do deus grego Hermafrodito, filho de Hermes e de Afrodite – respectivamente representantes dos gêneros masculino e feminino). O número 5 é símbolo do homem: uma linha junta a cabeça aos braços e pernas estendidos formando um pentagrama. O Pentagrama, na escrita musical, refere-se à pauta de cinco linhas, e, indica a altura das notas musicais.
A flor têm, pois, a forma de uma estrela de 5 pontas – uma assinatura da encarnação física.  Na idade média, a estrela de cinco pontas, de ponta-cabeça era símbolo do mal; para cima, como no caso da flor da paineira, representava luz e espiritualidade, sendo pintada nas casas para afugentar bruxas.                                                             
A semente é preta envolta pela paina branca - também símbolo de “yin-yang” – a cor preta representa a morte; o branco da paina representa a vida; dualidade de opostos = vida e morte; luz e treva, feminino e masculino, céu e inferno. Segundo pesquisas científicas, devido a grande predação das sementes por periquitos e percevejos, só se desenvolve uma planta para cada 10.000 sementes soltas na natureza. Este é mais um sinal de morte em detrimento da vida, na assinatura desta árvore, embora a semente seja de fácil germinação. Essa “raridade” da paineira, a caracteriza como espécie secundária. Assim, percebemos a influência do número 2 presente na planta, que pode representar discórdia e conflito, ou equilíbrio e casamento.
c. Família botânica da plantaBombacaceae, ou, Bombáceas, ou, “barrigudas” do nordeste. São árvores com folhas grandes (a partir de 10 cm) simples, inteiras ou digitadas, alternas, peninérveas ou palmatinérveas, frequentemente, com indumento escamoso ou ramificado, com estípulas caducas. O tronco, frequentemente, é engrossado pelo excesso de armazenamento de água; várias espécies possuem espinhos nos ramos e no caule. As flores são grandes, vistosas, hermafroditas, cíclicas, axilares, geralmente pentâmeras, diclamídeas, de simetria radial, com cálice 5-lobado, de prefloração valvar ou imbricada, com ou sem calículo. As pétalas têm coloração branca, amarela, rósea ou vermelha. A corola tem as pétalas livres ou ausentes. O androceu é constituído por 5 ou até muitos estames, com filetes longos, livres ou parcialmente unidos em feixes ou concrescidos em coluna cilíndrica curta ou longa. A antera é reniforme ou linear, com uma só teca. O pólen tem a superfície (exina) lisa. O ovário é súpero com 5 carpelos, 5 lóculos e com muitos óvulos. O estilete é simples, colunar, com ápice capitado ou lobado. O fruto é seco, indeiscente, com ou sem asas, ou cápsula loculicida, com sementes normalmente envolvidas por pêlos, originados das paredes do fruto, que ajudam na dispersão pelo vento; tais sementes, que geralmente possuem óleo, são normalmente grandes, angulosas, sem ou com pouco endosperma. O embrião tem cotilédones planos, torcidos ou plicados.
d. Cor – a copa da árvore se manteve sempre verde, mesmo no inverno. Esta cor é tônica e estimulante. Um grande calmante do sistema nervoso, Por isso, quando entramos em contato com a natureza nos sentimos calmos. Possui variedades de flores brancas e rosa de várias intensidades; as flores que eu observei são rosadas com pintas vermelhas e bordas brancas.
A árvore em estudo possui enormes flores de cor rosa. Esta é a cor dos sentimentos mais puros, seletos, está intimamente ligada com o sucesso, amor e carinho. É o símbolo da feminilidade. Sua semente é preta envolta pela paina branca. Seu fruto é de cor verde também. E, o tronco é cinzento-esverdeado. Notamos que prevalece o verde, no concernente a árvore em geral.
e. Fragrância -
h. Bioquímica -
g. Usos medicinais – o decocto da casca é empregado para curar queimaduras. O pó de sua raiz, seco à sombra, é tido como afrodisíaco pelos indianos. Com a casca, prepara-se uma infusão útil no tratamento de abscessos.
h. Tradição, mitologia, sabedoria popular – Para os druidas, a paineira era o símbolo da fartura e da prosperidade. Existe um ditado com relação a paineira que diz que, “florada farta é sinal de fortuna”. Ela estava associada às riquezas da terra.
Para os chineses, prosperidade e colheitas fartas significavam que o cosmo está em harmonia, que as forças do mal estão sob controle e que a vida segue um curso firme e ordenado. E, ainda, segundo o confucionismo, a prosperidade advém da manutenção da ordem natural na terra e do necessário equilíbrio yin e yang.   A antiga arte chinesa do Feng Shui, que significa “água e vento” (os principais elementos da paineira), é usada para escolher o terreno de edifícios e planejar sua área interna de modo que o ch’i, ou energia vital da Terra, possa fluir suavemente. O feng shui favorece a saúde e a harmonia dentro de um edifício, enquanto o mau planejamento pode levar à falta de sorte ou doença.
A flor rosa da paineira, relacionada ao símbolo da feminilidade, fala do mito de Vênus - deusa do amor e da sensualidade. Para os gregos, a deusa simbolizava também o poder reprodutor da natureza. Acreditavam que Vênus, ou Afrodite, acendia a chama do desejo no coração dos homens, unindo-os e perpetuando a vida e a espécie. Mas, além da química do amor e da procriação, a criatividade, em todos os níveis, também pertence à esfera de ação da deusa. Consta que Afrodite possuía um cinturão mágico de grande poder sedutor e os efeitos de sua paixão eram considerados irresistíveis. As lendas a mostram ajudando os amantes a superar obstáculos.
Com relação aos sinais marcianos da planta, remetemos ao mito de Ares – deus da guerra. Ares se destaca pelos dois principais papéis que desempenhou entre os imortais: guerreiro e amante. Denominado Marte pelos romanos, simboliza a força física e a intensidade, ambas características masculinas essenciais. O deus da guerra foi o homem de ação do Olimpo. Encarna o tipo passional, que reage com o corpo, movido pelo instinto e pelas emoções. As reações intensas e apaixonadas e uma tendência a se deixar levar pelas emoções do momento fizeram do deus um grande amante. Seu relacionamento mais notável e duradouro foi com Afrodite, deusa do amor, com quem teve quatro filhos: Deimos, o medo, Fobos, o Terror, Harmonia e, Eros, o deus do amor.
A paina (retirada dos frutos da paineira) pode ser usada para enchimento de colchões, travesseiros e bichos de pelúcia, tendo sido muito usada, no passado, para enchimento de bóias de embarcações. Seu uso para encher colchões e travesseiros, deve-se a sua ação de isolante térmico e acústico, além de ser impermeável e praticamente emputressível, características que possibilitam seu uso para artigos náuticos, como coletes e bóias salva-vidas. Sua madeira não tem grande utilidade para o homem, embora os índios botocudos a utilizem para seus ornamentos de beiço e orelha. Tem madeira leve, pouco resistente sendo empregada para brinquedos, caixotoria, canoas, gamelas etc.
Podemos relacionar o fruto da paineira, a paina, ao deus alado Eros, filho de Afrodite e Ares: o episódio mais famoso do mito de Eros é seu amor por Psiquê, uma princesa de extraordinária beleza, que simboliza a alma. Com ciúmes da bela mortal, Afrodite pediu ao filho que a fizesse se apaixonar por uma pessoa de nível inferior. O deus do amor ficou tão maravilhado com sua beleza que, sem querer, se feriu com a própria flecha e se apaixonou por sua presa. Eros casou com Psiquê com a condição de que ela nunca olhasse para seu rosto, mas a curiosidade prevaleceu. Quando acendeu uma lâmpada para observar o amado que dormia, o palácio em que viviam e o próprio Eros desapareceram. Abandonada, a princesa vagou dias e noites a sua procura, provocando a compaixão de Zeus. Graças à intercessão deste, tornou-se imortal e foi levada ao Olimpo para viver eternamente com Eros. Juntos, simbolizam a união do amor com a alma. Identificado pelos romanos como Cupido, Eros é considerado também o deus da união e da afinidade.
i. Quatro Elementos
j. Relacionamento Cósmico e Terrestre - tem crescimento rápido sendo recomendada para plantios de recuperação de áreas degradadas e para o paisagismo. A paineira tem grande importância para a fauna silvestre: como alimento para pássaros que buscam o seu néctar e em troca polinizam suas flores; para o periquito verde e um certo percevejo que devoram suas sementes ricas em nutrientes; para os pequenos beija-flores que usam a paina para a construção dos ninhos.
k. Ciclos Diários e Sazonais - a característica de estacionalidade climática mais marcante do interior, com um período de seca e frio mais acentuado, faz com que várias espécies florestais percam suas folhas no período mais seco, normalmente também dispersando as sementes nesta época, daí o nome destas florestas: estacionais e/ou caducifólias ou deciduais. As paineiras, despem-se de folhas no período seco, normalmente florindo e frutificando nesta época. Ela normalmente começa a florir e perder suas folhas à partir de dezembro, estando completamente sem folhas em abril e maio, quando começa a abrir seus frutos e dispersar suas sementes envoltas em abundante paina, pelo vento. A paina, flutua pelo vento nos meses de agosto e setembro. A paineira floresce de março a julho.
l. Ambiente/habitat – muitas vezes encontramos árvores de paina perto a residências; o fato de ser uma árvore grande e majestosa, produz uma sombra densa no verão; mas, por outro lado, o fato de perder as folhas no inverno, também favorece a insolação das casas ao redor, porque sua sombra torna-se rala. Esse fato fez com que esta árvore não seja arrancada de perto das residências, ou seja até mesmo procurada para plantio.
m. Percepção sensorial – examinando a árvore através da janela de minha casa, percebo a árvore muito verde (equilíbrio), com seu porte grande e majestoso, e sua “barriga”. Esta imagem associada às mãos espalmadas que esta apresenta, e, os espinhos na parte inferior do tronco e nos ramos, fazendo alusão a um escudo,  remete-me ao gigante Golias. Os sete dígitos de suas mãos, sugerem-me os sete pecados capitais; as dores da alma. Devemos aniquilar este gigante (nossos defeitos) para atingir a prosperidade[4] (simbolismo da paineira), no sentido exato dela: ser bem-sucedido, afortunado. É a busca do equilíbrio da nossa alma.
Quando florida, portanto, em equilíbrio também, a árvore transmite-me uma sensação de amor. As flores são muito grandes e de cor rosa, remetendo à deusa do amor, Vênus. O formato estrelado de sua flor, em posição de pé, dá a idéia de celestial, boas energias. O porte grande da planta, de suas flores e seu bojo expandido levam-me a Júpiter, e por consequência me vêem a imagem do centauro. Neste caso, o centauro é um músico celestial, metade homem, metade cavalo ou pássaro, chamado Kinnara, que se move ao redor da grande árvore, como que dançando ao som da música. Ele personifica os instintos descontrolados. É uma figura auspiciosa.
A música vêm da harpa, desenhada pelo formato da “barriga”. Sabe-se, por estudos médicos, que o som da harpa alivia os pacientes portadores de sintomas histéricos. Este instrumento musical, refere-se a harpa do rei Davi, no Velho Testamento, e está entoando músicas sacras, e, os anjos estão pairando ao seu redor, pois ela os atrai – as harpas e as flautas atraem os anjos. Os anjos são representados pela paina, esvoaçante e branca em volta da magnífica árvore. Entre eles, um deus alado, Eros, deus do amor terreno. Tudo remete ao amor e à musicalidade; a música como remédio da alma e alimento do amor. Também o mito de Eros e Psiquê simboliza a união do amor com a alma.
O excesso do elemento água explícito nesta planta, igualmente denota a grande quantidade de sentimento e emoção; a água que leva as impressões e renova.
Impressionou-me o estudo feito com relação às boas energias que esta planta simboliza, quando ao redor de uma casa ou construção. É como se ela servisse como um instrumento de Feng Shui, já que também se utiliza dos elementos ar e água, principalmente, para sinalizar os bons fluidos, e limpar o ambiente ao seu redor. Sua floração é sinal de que há harmonia no cosmos, equilíbrio de energias, e, consequente fortuna.
Vale observar que a paineira floresce ao mesmo tempo que caem suas folhas; quando os sete pecados mortais são eliminados, nascem as flores – as inteligências cósmicas – e, então, vêem os frutos, sinais valiosos de prosperidade. As plantas caducas, para os druidas, significam o ciclo da morte: morrer para renascer.


II -  EXERCÍCIO DE PERCEPÇÃO ARTÍSTICA
1.      Música – “Harpa e Alma”, música para a cura de Steven Halpern.

Clique acima para ouvir
2.      Literatura -  História Bíblica de Davi e Golias.
Gigante filisteu, Golias, derrotado e morto por Davi (I Sam., 17). Media cerca de 2,90 m e andava armado, precedido de um escudeiro, que lhe cobria o corpo com um grande escudo. Tomou parte na campanha dos filisteus contra Saul; como os dois exércitos permanecessem indecisos, um em frente do outro, desafiou os israelitas a enviarem contra ele um combatente, a fim de travar uma luta singular que decidiria o destino da guerra. O jovem Davi aceitou o desafio, e caminhou em direção do gigante, levando o seu cajado de pastor e uma sacola com cinco pedras, além de uma funda escondida na mão esquerda. Avançando despreocupado e sem se proteger, o gigante recebeu na fronte uma pedrada, que o matou.
3. Astrologiao signo associado ao amor, à musica, e, à fartura é o signo de Touro, regido pelo planeta Vênus. Este é o signo que corresponde à Paineira. Curiosamente, no Horóscopo Druídico, o signo de Paineira, vai de 21/4 a 20/5, exatamente, período que corresponde a Touro no zodíaco.
4. Frases

“Amar por ser amado é humano,
mas amar pelo amor é Angélico”
               Alphonse de Lamartine

“Os anjos podem voar porque

Não se preocupam”

                       G. K. Chesterton




REFERÊNCIAS

ARROYO, Stephen. Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos. 9ed. São Paulo: Editora Pensamento,1993. 204p.

BALBACH. Alfons.  Flora Nacional na Medicina Doméstica. 23 ed. São Paulo: EDITORA , VOL II, 919p.

BONTEMPO, Márcio. Medicina Natural – Sabedoria Popular. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda.,1992.

BRUCE-MITFORD, Miranda. O Livro Ilustrado dos Símbolos – O Universo das imagens que representam as idéias e os fenômenos da realidade. São Paulo: Publifolha,2002.

Catharino, Eduardo Luís Martins. Engenheiro Agrônomo, mestre em Botânica e pesquisador científico do Instituto de Botânica de São Paulo. Disponível no site <http://www.paineira.htm > Acessado em 04.out.2007

CORREA, M. Pio. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Vol V. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1926-1978

Jovchelevich, Pedro. Árvores brasileiras – A Paineira. Disponível no site <http://www.bioagri>  – portal agroecologico_agricultura pela vida.htm> Acessado em 04 out.2007

STEINER, Rudolf. Agriculture. London: Bio-Dynamic Agricultural Association, 1974. 3 ed. 174p.

TAYLOR, Terry Lynn. Anjos Mensageiros da Luz – Guia para o Crescimento Espiritual. 22ª ed. São Paulo: Pensamento, 1995.



















                                                                                 



















[1] Prática de feitiçaria ou baixo espiritismo.
[2] Benzedura; arte de curar.
[3] Substância encontrada no cerne da madeira, inibe o crescimento de tumores malignos e é produzido como medicamento em um laboratório farmacêutico de Pernambuco.
[4] No Feng Shui, prosperidade quer dizer administrar os bens materiais. O que importa é a qualidade, não a quantidade, até porque a quantidade ideal varia de uma para outra pessoa.